Há 40 anos, Mina de Ouro de Piedade, em Itapetim (PE), era desativada

Itapetim, PE, Brasil • 3 de março de 2025
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Em 1985, há exatas quatro décadas, a Grande Mina de Piedade estava sendo desativada. Apesar de muito associada ao povoado de Piedade do Ouro, a mina situava-se, na realidade, em um território pertencente ao Sítio Sertãozinho, distrito de Piedade do Ouro, noroeste de Itapetim, município pernambucano apelidado de "Ventre Imortal da Poesia".
A mina não foi construída pelos itapetinenses. Pelo contrário, foi descoberta em meados da década de 1940 na região do distrito de Piedade do Ouro, sendo inicialmente considerada a terceira maior mina de ouro do Brasil. A promessa era de que a extração de diferentes minérios, principalmente metais, fosse a principal fonte econômica de Itapetim, município tradicionalmente voltado para a agricultura e a cultura popular. Na época, centenas de garimpeiros trabalharam no local.

Todavia, com o tempo, ficou claro que o ouro da mina era economicamente inviável. O que se extraía, geralmente em pouca quantidade, não compensava os altos custos de infraestrutura, transporte e equipamentos. O município era remoto, longe de grandes centros urbanos, com acesso limitado e baixo nível de infraestrutura. Portanto, o transporte do garimpo era dificultoso e caro. Além disso, havia casos de remoção clandestina dos minerais.
Em 1984, houve tentativas de recuperar o minério em Itapetim, mas não foram bem-sucedidas. No ano seguinte, em 1985, a mina foi oficialmente fechada, após mais de quatro décadas de atividades.
Por outro lado, a mineração influenciou o surgimento de pequenos povoados nas redondezas, como Placas de Piedade e o Sítio Pimenteira (atualmente denominado "Pimenteira do Ouro"), que serviam como abrigo para os garimpeiros. Até hoje, esses locais guardam vestígios dessa época.
Apesar do fechamento da Mina de Piedade, a busca pelo ouro continuou em Itapetim entre os anos 80 e 90, com o Projeto Itapetim, que visava explorar os minérios contidos principalmente em outras áreas do município, além de Brejinho e da Serra do Teixeira, o último sendo escolhido para a construção de trincheiras.
O município também foi bastante geologicamente explorado desde então. Em 2000, por exemplo, estudos exploraram o Complexo Itapetim, uma formação rochosa que surgiu há cerca de 638 milhões de anos durante a Orogênese Brasiliana, um grande evento de formação de montanhas que contém vários minérios, como o quartzo e o ouro. Ele é composto principalmente por um tipo de granito (monzogranito porfirítico) que contém fragmentos de outra rocha chamada diorito. Mais tarde, essa formação foi atravessada por fraturas onde se infiltraram diques de granodiorito.
Moradores do Sítio Pimenteira ainda contam que a exploração do ouro não se limitou à mina principal do Sertãozinho. Segundo relatos locais, a extração continuou na comunidade rural de Pimenteira de forma ilegal e particular até os anos 2000, e as ruínas das antigas atividades mineradoras ainda são visíveis. Ademais, em 2022, a comunidade rural passou a ser chamada de Pimenteira do Ouro.
Hoje, a Grande Mina de Piedade do Ouro atrai visitantes curiosos sobre a história da mineração no sertão pernambucano, que, embora tenha deixado promessas frustradas, transformou a paisagem e a vida de quem viveu essa época.
Fontes
[editar | editar código-fonte]- Relatos de moradores locais
- ((pt)) João Paulo Pereira. Itapetim - Piedade do Ouro e o sonho que virou realidade — Repórter do Sertão, 11 de julho de 2020
- ((pt)) Itapetim: a cidade que um dia acreditou na riqueza do ouro — Blog de Itapetim, 27 de agosto de 2007
- CETEM. Recuperação hidrometalúrgica do ouro de Itapetim — RIGeo, 1984
- PAIVA, Ivo Pessato. Projeto Itapetim — RIGeo, 1992
- ((en)) I.P Guimarães. Evidence of multiple sources involved in the genesis of the neoproterozoic itapetim granitic complex, NE Brazil, based on geochemical and isotopic data — ScienceDirect, 2000