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Guatemala: 46% das crianças menores de dois anos sofrem de desnutrição crônica

De Wikinotícias

13 de setembro de 2025

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Na Guatemala, 46% das crianças menores de dois anos sofrem de desnutrição crônica, o que significa que quase metade das crianças guatemaltecas tem seu futuro físico, cognitivo e econômico comprometido antes mesmo de começar a escola. Essa realidade coloca o país entre os mais afetados pela desnutrição no mundo, mas o Governo da Guatemala, com o apoio do Banco Mundial, tem trabalhado para mudar esta realidade.

Superar essa situação requer intervenções abrangentes, desde a gravidez até os primeiros anos de vida. Nutrição adequada e acesso à água potável melhoram o potencial de aprendizagem, a retenção escolar e a probabilidade de obter um emprego decente na idade adulta. Elas são fundamentais para construir uma base de capital humano saudável e produtiva que impulsione o desenvolvimento da Guatemala.

"Desde o momento em que a mulher engravida, iniciamos o monitoramento para garantir que o bebê tenha peso e altura adequados ao nascer. Se detectarmos que a criança está abaixo do peso, orientamos a mãe sobre como se alimentar em casa", disse Sara Pacajoj, auxiliar de enfermagem no Posto de Saúde Semejá II.

Os primeiro dias de vida

A amamentação deve começar já na primeira hora de vida e continuar exclusivamente até os seis meses

Nos departamentos de Alta Verapaz, Chiquimula, Huehuetenango, Quiché, San Marcos, Sololá e Totonicapán - todos com altos níveis de pobreza - profissionais de saúde, parteiras, assistentes sociais, educadores e nutricionistas trabalham diariamente com foco nos primeiros dias de vida, da concepção aos dois anos de idade, que são cruciais para o desenvolvimento infantil. Lá, o Projeto Crecer Sano, uma iniciativa do Governo da Guatemala com o apoio do Banco Mundial, desempenha um papel fundamental na melhoria dos indicadores de nutrição infantil no país.

“Começamos a alimentação da criança desde o primeiro dia, com aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses. É extremamente importante e é o único alimento de que a criança precisa durante esse período”, diz Yoselin Mendoza, nutricionista do Posto de Saúde Potrero Viejo III, em Quiché, que reconhece a importância de uma boa nutrição desde os primeiros anos de vida.

Ela acrescenta: “o leite materno está sempre disponível e é gratuito. Ele fornece vitaminas, minerais e é o melhor para a criança", adicionando que "felizmente, nas comunidades que atendemos, eu diria que a maioria das mães amamenta. Temos mães de primeira viagem e outras com vários filhos e elas conseguiram amamentar sem dificuldade.”

A mudança já é sentida nas comunidades, com uma pesquisa realizada em 2024 revelando que 70% das crianças nos sete departamentos do programa receberam aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses, superando a meta de 65% e marcando um claro progresso em relação aos 59,4% registrados em 2022.

“Elas nos ensinam a amamentar e, como dizem as enfermeiras, se não dermos leite materno, elas não crescem saudáveis ​​e ficam fracas”, diz Laura Guarcas, moradora da comunidade Semejá II.

Um dos pilares do projeto é o monitoramento de peso e altura. “Monitoramos o crescimento de crianças menores de dois anos mensalmente ”, explica Yoselin Mendoza . “Nos concentramos nos dois primeiros anos de vida e e essa criança atingir seu desenvolvimento máximo, seu crescimento será muito mais adequado e ela será menos afetada por doenças respiratórias e diarreicas que prejudicam seu desenvolvimento e impactam diretamente sua nutrição", disse a profissional da saúde.

Desnutrição crônica

Desnutrição crônica é uma condição em que constantemente uma pessoa não consome alimentos suficientes para garantir os nutrientes necessários para seu desenvolvimento e saúde.

Algumas vezes também pode ser um estado em que a pessoa consome alimentos suficientes, mas com nutrientes inadequados. É o que se convencionou chamar "dieta pobre em nutrientes" que está muitas vezes associada ao consumo de produtos ultraprocessados e hipercalóricos com poucas vitaminas e poucos sais minerais.

Dieta adequada para bebês e crianças

A alimentação a partir dos seis meses deve conter ingredientes naturais como cereais, frutas, verduras e legumes

Para crianças até seis meses o ideal é o consumo exclusivo de leite materno. Quando uma mãe não pode amamentar, o bebê deve tomar leite com fórmula especial, conforme orientação do médico ou do nutricionista.

Na maioria dos países, a alimentação passa a incluir sucos, como de laranja e cenoura, e purês de frutas, como os de banana e maçã, entre os 6 e 9 meses e, a partir disso, quando a criança já tem os primeiros dentes sopas cremosas, principalmente contendo carne, batata e cenoura trituradas e amassadas. Por volta dos 2 anos de idade, quando a dentição já está quase completa, a criança já deve ter experimentado alimentos variados e de diferentes texturas.

"Segundo a SBP [Sociedade Brasileira de Pediatria], deve-se começar como um complemento ao leite materno, com frutas amassadas e uma papa por dia no 6º mês e duas papas no 7º e 8º mês. A partir do 9º mês a recomendação é, gradativamente, passar para a refeição da família com ajustes na consistência dos alimentos e temperos", explicou a BBC.

"Inicialmente, os bebês devem receber alimentos complementares de 2 a 3 vezes ao dia entre 6 e 8 meses e aumentar para 3 a 4 vezes ao dia entre 9 e 11 meses e 12 a 24 meses. Lanches nutritivos adicionais também devem ser oferecidos de 1 a 2 vezes por dia para crianças de 12 a 24 meses, conforme desejado", explicou a EMRO, da OMS.

Segundo a OMS, a amamentação materna deve continuar até os 24 meses, mesmo que não exclusivamente. No entanto, em alguns países essa cultura não é tão rigorosa, se mantendo a amamentação até 12 meses. Segundo a OMS, por exemplo, "a Região Europeia da OMS apresenta algumas das menores taxas de aleitamento materno exclusivo de todas as regiões da OMS, com apenas 13% dos bebês amamentados exclusivamente durante os primeiros 6 meses". Nos Estados Unidos apenas 24,9% dos bebês recebiam exclusivamente leite materno em 2022 até os seis meses, segundo o CDC.

Referências

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