Felipe Neto: youtuber comprou 14 mil livros LGBT em resposta à censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella
Brasil • 10 de setembro de 2019
O evento foi uma resposta a uma ação do prefeito Marcelo Crivella, que se posicionou contra o beijo gay da HQ Young Avengers, titulada em português como Jovens Vingadores ou Vingadores: A cruzada das crianças. O prefeito enviou dez funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) foram à Bienal do Livro para fiscalizar livros "impróprios".
A ideia da comprar dos livros veio de Alessandra Ruiz, amiga de Felipe Neto. Como a HQ censurada tinha poucas unidades e era antiga, foi desenvolvido um projeto maior, com a compra de todos os títulos LGBT da Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2019.
Um mutirão de voluntários foi formado na Bienal do Rio Janeiro, com a particpação de editoras e autores que ajudaram a embalar as obras. Os livros foram distribuídos gratuitamente na Bienal.
Em uma rede social, Felipe Neto compartilhou um vídeo informando que as obras viriam embaladas em plástico opaco, com o lacre com a mensagem: "Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas".
No vídeo, Neto afirmou que "nunca incomodou ao prefeito que as HQs historicamente tenham cenas de violência, sangue, guerra, tiro, porrada, bomba, isso não importa. Só o que incomoda é o amor entre pessoas do mesmo sexo".
Repercussão
Vicente Vilardaga, escrevendo para a IstoÉ disse que "Neto se mostrou estratégico e libertário, deu um passo de gigante para o amadurecimento da democracia e entrou de corpo e alma no debate político. As filas de leitores para ganhar os livros só se extinguiram depois de sete horas. Nos últimos dias só se falou de seu gesto contra Crivella. O que ele fez foi resistir a um ato arbitrário com contundência e elegância."
Em entrevista a IstoÉ, Felipe Neto disse que sua ação na Bienal "Foi uma resposta à censura e à opressão. Não podemos mais nos calar perante o que está acontecendo. Há um plano de silenciamento e controle e nós, como população, precisamos nos levantar contra isso. A campanha na Bienal foi uma forma de mostrar que o povo está unido e que lutará com unhas e dentes pela liberdade e pelo amor. Deu muito trabalho, mas foi uma grande felicidade."
N. G. Gortázar, escrevendo para o El País disse que Felipe Neto é "um soldado de peso contra bolsonaristas nas redes". Carlos Jordy, deputado do Partido Social Liberal (PSL) se posicionou contra a atitude de Felipe Neto, respondendo com discurso de ódio.
Em resposta ao UOL, a assessoria de imprensa nacional do PSL disse que não iria se posicionar sobre o caso porque é "impossível responder" contra quem é acusação, o diretório nacional ou estadual. Afirmou também que iria processar Felipe Neto e o UOL, caso mencionasse os bots (robôs) ao partido "sem apontar provas e sem esclarecer" contra quem é direcionada a acusação.
Ver também
- Carlos Jordy: deputado brasileiro iniciou campanha de difamação virtual direcionada a Felipe Neto
- Após se posicionar contra episódio político na Bienal do Rio 2019, Felipe Neto reforça equipe de segurança pessoal
Fontes
- ((pt)) Distribuição de livros LGBT comprados por Felipe Neto gera clima de Copa na Bienal — O Globo, 7 de setembro de 2019
- ((pt)) Vicente Vilardaga. Foi uma resposta à censura e à opressão [inativa] — IstoÉ, 13 de setembro de 2019. Página visitada em 13 de setembro de 2019
. Arquivada em 19 de janeiro de 2020 - ((pt)) N. G. Gortázar. Felipe Neto, um soldado de peso contra bolsonaristas nas redes — El País, 10 de setembro de 2019
- ((pt)) Marcel Plasse. Felipe Neto vira alvo de campanha de ódio do partido de Bolsonaro — Pipoca Moderna, 9 de setembro de 2019
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