Ex-presidente da Indonésia incluído na lista global dos “Mais Corruptos” de 2024
12 de fevereiro de 2025
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Joko Widodo ou Jokowi, ex-presidente da Indonésia (2014–2024), juntou-se a uma notória lista de líderes mundiais como nomeado para a Personalidade do Ano em Crime Organizado e Corrupção do Projeto de Denúncia de Crime Organizado e Corrupção (OCCRP) 2024. Enquanto o presidente sírio, Bashar Al-Assad, recebeu o infame título, Jokowi partilhou os holofotes da nomeação com o presidente queniano, William Ruto, o presidente nigeriano, Bola Ahmed Tinubu, a ex-primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, e o empresário indiano Gautam Adani.
O ex-presidente indonésio construiu a sua imagem pública como um entusiasta do Heavy Metal de fala mansa e defensor do povo – um estranho político que cativou eleitores e meios de comunicação tanto no país como no estrangeiro. Através de políticas populistas-transacionais e invocando a nostalgia da Nova Ordem – o governo autoritário de 32 anos do segundo presidente da Indonésia, Suharto, marcado pelo crescimento económico, mas também pela corrupção generalizada e pelos abusos dos direitos humanos – Jokowi garantiu um segundo mandato que durou até 2024. Durante este período, ele defendeu um plano ambicioso para transferir a capital da Indonésia, que estava a afundar-se, para a ilha de Bornéu. De forma mais controversa, orquestrou reformas legais que permitiram ao seu círculo íntimo - incluindo os seus filhos, filha e sogros - assumir posições estratégicas no governo, estabelecendo o que os críticos viam como uma nova dinastia política na maior democracia do Sudeste Asiático.
O OCCRP, uma rede proeminente de jornalistas de investigação, citou sérias preocupações sobre a sua administração, incluindo alegadas violações dos direitos humanos, manipulação eleitoral, exploração de recursos naturais e corrupção sistémica que fomentou a instabilidade política. O processo de selecção da organização incorporou contributos de leitores e jornalistas de todo o mundo, sinalizando o crescente escrutínio internacional da corrupção no seio do establishment político da Indonésia. Falando aos jornalistas na sua cidade natal, Solo, Jokowi abordou estas alegações sugerindo que faziam parte de um padrão mais amplo de alegações infundadas que circulavam na esfera política da Indonésia.
Em 2014, aclamado como o Obama da Ásia, a ascensão de Joko Widodo à presidência contou com Nawa Cita (Agenda das Nove Prioridades), com reformas anticorrupção e governação limpa como pedras angulares da sua visão para a Indonésia. O especialista em política externa Joshua Kurlantzick observa como Jokowi abandonou rapidamente a sua agenda reformista quando assumiu o cargo, fazendo acordos com as mesmas elites políticas que criticou durante a sua campanha. Ao desmantelar metodicamente as autoridades anticorrupção e proteger os direitos civis, ele emergiu como outra figura dinástica na política indonésia, construindo o que Kurlantzick descreve como “uma das dinastias mais robustas e possivelmente mais duradouras do país”.
A Fundação Indonésia de Assistência Jurídica (YLBHI) documentou esta transformação através do que descreve como um desmantelamento sistemático do quadro anticorrupção do país, particularmente da Komisi Pemberantasan Korupsi (KPK), a outrora poderosa comissão anticorrupção da Indonésia. A fundação destacou o momento decisivo de Fevereiro de 2019, quando nove facções parlamentares aprovaram revisões à Lei KPK, privando a agência da sua independência, colocando-a sob o controle presidencial. Este enfraquecimento institucional foi ainda mais solidificado através da escolha controversa de Firli Bahuri, um general da polícia conhecido pelos seus laços estreitos com as elites políticas, por Jokowi, como presidente do KPK. Sob a liderança de Firli, a comissão procedeu à demissão de 51 dos seus investigadores mais experientes depois de terem sido reprovados num teste de percepção nacional recentemente exigido – medidas que efectivamente desfiguraram aquela que já foi a instituição anti-corrupção mais respeitada do Sudeste Asiático.
Fontes
[editar | editar código-fonte]- ((en)) Juke Carokina. Indonesia's former president included in 2024 global ‘Most Corrupt’ list — Global Voices, 11 de fevereiro de 2025
![]() | Esta notícia é uma transcrição parcial ou total do Global Voices. |