NY Times e Wikipedia escondem sequestro de repórter para salvar sua vida: diferenças entre revisões

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Revisão das 17h11min de 2 de abril de 2012

29 de junho de 2009

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O jornal New York Times decidiu manter a notícia do sequestro de um de seus repórteres em segredo para aumentar suas chances de escapar com vida.

O repórter David Rhode foi capturado por um grupo Taliban no dia 10 de novembro de 2008, juntamente com um jornalista local contratado como tradutor, Tahir Ludin, e com um motorista, Asadullah Mangal. Rhode, apesar de não ser uma celebridade, é um conhecido repórter de investigação e já ganhou um Pulitzer.

Para evitar que os raptores o considerassem valioso, o NYT decidiu esconder a notícia de seu sequestro e evitar a todo custo falar da importância de seu jornalista, não apenas no próprio jornal, mas nos outros meios de comunicação e em páginas da internet. A lógica seguida foi a de que os Taliban procurariam saber através da Internet quem era o refém – e quanto mais referências houvesse a Rohde, mais difícil seria conseguir um resgate ou mantê-lo vivo.

Somente agora, que o jornalista e o tradutor conseguiram escapar (o condutor optou por juntar-se aos captores), a história veio a público, nas páginas do próprio New York Times.

Para manter o segredo o jornal ligou para outros órgãos de informação explicando a estratégia. Mas segundo o diretor executivo do New York Times, Bill Keller, a maior dificuldade foi manter o artigo de Rohde na Wikipedia sem referências ao sequestro, pois a filosofia do site é permitir a edição de qualquer usuário, e toda a informação deve ser pública. Para isso o jornal contactou o fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, que fez com que alguns administradores da enciclopédia cooperassem para manter o assunto em segredo – mas não sem provocar a revolta de alguns utilizadores.

Alguns utilizadores da Wikipedia insistiam em fazer referência ao sequestro, e os administradores tiveram que apagar várias vezes o texto relativo ao caso, chegando a proteger a página. Poucos dias após o rapto do repórter, agências de informação afegãs noticiaram o fato, que se espalhou também por blogues. Teoricamente, toda informação na Wikipedia deve provir de fontes credíveis e agências noticiosas afegãs serviriam como fonte fidedigna para a maioria dos casos. Mas, com a desculpa dos grandes órgãos de informação não terem publicado nada, os usuários foram usando de pretextos de falta de fontes para continuar a apagar as informações.

Além das informações do sequestro, o artigo também foi modificado para realçar o lado pró-muçulmano do repórter, e retirada todas as referências sobre seus trabalhos para o jornal The Christian Science Monitor (por causa da palavra "cristão").

O sequestro termina quando Rohde e Ludin escalam uma parede e fogem, enquanto o motorista Mangal decidiu ficar ao lado dos sequestradores. Após o repórter ficar em segurança o próprio jornal New York Times publicou a história completa do sequestro. A Wikipedia já tem, agora, uma descrição da história – onde não falta uma referência às críticas pelo corte de informação levado a cabo pelos responsáveis.

Tanto as alterações para esconder o sequestro como para retirar o lado cristão e realçar o pró-muçulmano violam explicitamente as regras da enciclopédia online. Mas mesmo assim contaram com a ajuda de seu fundador. "Nós realmente fomos ajudados pelo fato da notícia não ter aparecido em nenhum lugar que nós consideraríamos uma fonte fiável. Eu teria tido trabalho se fosse desse jeito."

Joseph M. Reagle, um professor adjunto de comunicações na New York University que estuda a Wikipedia, disse que não tinha certeza se o fato da Wikipedia esconder as notícias sobre o Rhode iria criar desavenças entre editores antigos, porque no caso de Rhode, a vida dele estava em risco.

"A Wikipedia tem, ao longo do tempo, instituído gradualmente mais controle por causa de alguns incidentes, particularmente envolvendo material potencialmente difamatório, e com isso algumas pessoas proclamaram a morte da Wikipedia. Mas a idéia de uma abertura pura, de uma democracia pura, é muito surreal."

Fontes