Empresário depõe para comissão que investiga escândalo dos Correios do Brasil
Brasil • 26 de junho de 2005
O empresário Arthur Waschek depôs perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) nesta última quinta-feira, 23 de junho.
Waschek disse que foi ele quem encomendou a gravação da fita, divulgada pela imprensa, que mostra o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, numa suposta negociação de propina. O empresário disse que a gravação não teve motivação política e que fez as gravações para provar que havia corrupção na estatal e derrubar Marinho. Segundo ele, Marinho privilegiava empresas que não obedeciam normas técnicas e apresentavam preços incomuns nas concorrências.
O empresário disse que gastou R$11,5 mil com a gravação. Segundo ele R$ 1,5 mil foram pagos a Jairo Martins pelo aluguel diário da maleta com a câmera que gravou imagens de Maurício Marinho, e aproximadamente R$ 10 mil foram pagos a Joel Santos Filho pela realização das gravações.
Segundo Waschek, as empresas Comam e Vetor, das quais é sócio, passaram a ser prejudicadas depois que começou a administração de Maurício Marinho.
Waschek disse que não conhece o secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, Silvio Pereira, ou algum outro filiado do partido.
Waschek disse que a fita foi entregue à revista Veja pelo ex-espião Jairo Martins, sem ele soubesse. Ele também disse que foi seu amigo, o militar reformado da Marinha, Arlindo Molina Gonçalves, quem entregou uma cópia da fita para o deputado Roberto Jefferson.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que o comportamento do empresário Arthur Waschek foi o mesmo que usar um "tiro de canhão para matar um passarinho". O deputado levantou a dúvida sobre a possibilidade de o esquema ser mais amplo, com o envolvimento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP) apontou uma possível contradição entre os depoimentos do empresário, dados à Polícia Federal e à Comissão Parlamentar de Inquérito. Na polícia o empresário disse que entregou a gravação ao ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório Batista, superior de Marinho, somente após o afastamento de Marinho da estatal. Para a CPMI Waschek contou que Marinho foi afastado alguns dias depois da a entrega da fita a Osório Batista.
Esta página está arquivada e não é mais editável. |
Ver também
Vídeo
- Depoimento de empresários cria novas suspeitas na CPMI dos Correios — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
Áudio
- Empresário nega que gravações tenham motivação política — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
Fontes
- Empresário admite empréstimo a ex-araponga — Agência Câmara, 24 de junho de 2005
- Cida Fontes, Luciana Nunes Leal. Empresário acusa ex-araponga de vazar gravação de Marinho — O Estado de São Paulo, 23 de junho de 2005
- Empresário diz que mandou fita de vídeo a Jefferson — O Estado de São Paulo, 23 de junho de 2005
- Empresário acusado de fazer gravação incrimina Marinho — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
- Deputados suspeitam que empresário usou fita em chantagem — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
- Empresário diz ignorar esquema de corrupção nos Correios — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
- Empresário confirma que mandou gravar cena de corrupção — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
- Sócio revela pagamento a envolvidos na fita dos Correios — Agência Câmara, 23 de junho de 2005
- Amigo do empresário teria entregue fita a Jefferson — Agência Câmara, 23 de junho de 2005