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Dia de Combate à Raiva: o protocolo que em 2004 salvou a vida da primeira sobrevivente

De Wikinotícias

28 de setembro de 2025

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Aconteceu nos Estados Unidos em 2004, quando Jeanna Giese, uma adolescente de Fond du Lac, Wisconsin, foi mordida por um morcego quando ela tentou soltá-lo, após ele ter sido atingido com um tapa dentro de uma igreja durante um culto. Ela pediu à mãe se poderia pegá-lo e levá-lo para fora do templo, recebendo autorização. "Doeu muito, mas não sangrou, e minha mãe limpou o ferimento com água oxigenada", disse.

Como acontece muitas vezes, os primeiros sintomas só se manifestaram semanas depois, quando ela foi levada ao Hospital St. Agnes após sentir fraqueza muscular extrema e enjoos. Lá exames descartaram outras doenças mais comuns, enquanto ela piorava, sendo transferida para o Hospital Infantil de Wisconsin, em Wauwatosa.

No hospital, o então jovem pediatra plantonista que se especializara em doenças infeccionas, Rodney Willoughby Jr., pediu que amostras de sangue fossem enviadas para Centros de Controle e Prevenção de Doenças da Geórgia e recebeu o diagnóstico de que ela estava infectada com o vírus da raiva. "Achei, como todos, que ela iria morrer", disse anos depois.

Mas ele resolveu tentar uma nova forma de tratamento que havia sido pesquisada um ano antes: colocou a paciente em coma induzido e prescreveu antivirais para baixar a carga viral e esperar a resposta imunológica do corpo. "O vírus mata ao interromper a capacidade do cérebro de regular funções cruciais do corpo, como a respiração e a frequência cardíaca, mas não danifica o cérebro em si", explicou a AAAS.

"A maioria dos pacientes com raiva morre porque o cérebro estimula excessivamente o coração e o faz parar, então, a ideia era de que poderíamos simplesmente parar o cérebro para que ele não trabalhasse tanto e não impedisse o corpo de viver, o que parecia uma ideia razoável e quase óbvia demais", comentou o Willoughby.Jeanna ficou vários dias em coma induzido até que seus exames de sangue detectassem que havia uma resposta imunológica boa o suficiente para que ele fosse retirado. Ela foi considerada curada mais de um mês depois, mas ficou internada num total de 76 dias.

Em 2024 um veículo de imprensa reportou que ela está casada, tem dois filhos e trabalha num museu.

Críticas

O caso de Jeanna chama atenção até hoje e três anos depois, em junho de 2011, uma menina da Califórnia tornou-se a terceira estado-unidense e a sexta pessoa a sobreviver à doença através do "Protocolo de Milwaukee". Dois brasileiros também sobreviveram devido ao protocolo, no Brasil chamado "Protocolo de Recife", que prevê a administração de biopterina desde o início do tratamento, o que o diferencia do original.

Apesar dos protocolos, há poucos casos de sobrevida - a doença continua sendo altamente letal, com cerca de 59 mil mortes ao ano - e Willoughby disse em 2024 que há apenas 45 sobreviventes, dos quais 18 teriam vivido graças ao "Protocolo de Milwaukee". Já em 2020 o portal a NLM (National Library of Medicine) reportou que "aproximadamente 20 casos são descritos como sobreviventes da raiva em todo o mundo".

Devido aos poucos casos de sobrevida desde a implantação dessa forma de tratamento, cientistas começaram a discutir, nos últimos anos, o fim dos protocolos e em março um neurocientista publicou um estudo no Jornal da Universidade de Oxford, onde escreveu que nos primeiros anos a terapia foi "foi agressivamente promovida", mas que passadas duas décadas, "nenhum relatório detalhado subsequente documentou evidências de eficácia". Ele chamou o "Protocolo de Milwaukee" de "fracassado" e disse que era hora de estudar novas terapias.

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