Crescem tensões entre Brasil e Venezuela, assessor de Lula diz que a confiança foi quebrada
25 de outubro de 2024
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O assessor presidencial do Brasil, Celso Amorim, disse que seu país não apoia a entrada da Venezuela no bloco Brics porque "a confiança foi quebrada" devido a promessas não cumpridas após os resultados contestados das eleições presidenciais de 28 de julho no país sul-americano.
"Não tem nada a ver com democracia, mas com quebra de confiança. A quebra de confiança foi algo grave, eles nos disseram algo e não foi feito", disse Amorim em entrevista à rede O Globo na quinta-feira.
O governo venezuelano esperava se juntar como parceiro ao grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, uma decisão que deve ser aprovada por consenso de todos os seus membros, mas a representação brasileira - que manteve as tensões com Maduro após as eleições - não votou a favor.
Para Caracas, a decisão foi uma "agressão inexplicável e imoral do Ministério das Relações Exteriores do Brasil", segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pediu "provas" dos resultados das eleições e evitou reconhecer Maduro ou o ex-candidato presidencial da oposição Edmundo González Urrutia como presidente eleito.
Tanto o partido no poder quanto a oposição reivindicam a vitória nas eleições. Quase três meses depois, a autoridade eleitoral que proclamou Maduro como vencedor de um terceiro mandato não divulgou resultados desagregados. A coalizão de oposição, liderada por María Corina Machado, continua suas alegações de fraude e sustenta que González venceu as eleições de acordo com as atas mantidas por suas testemunhas na mesa.
Parte da comunidade internacional descartou reconhecer Maduro como presidente eleito até que resultados "verificáveis" sejam demonstrados. Brasil e Colômbia, países que até recentemente eram considerados aliados de Caracas, realizaram esforços diplomáticos, até agora sem sucesso, para desbloquear a crise política venezuelana.
Em agosto, o Brasil assumiu a custódia e representação da embaixada argentina na Venezuela após a expulsão da representação diplomática daquele país, que questionava os resultados das eleições presidenciais. Semanas depois, o governo venezuelano retirou a autorização para Brasília.
Desde março, seis dos assessores mais próximos da líder da oposição María Corina Machado estão se refugiando na residência da embaixada argentina em Caracas, depois que mandados de prisão foram emitidos contra eles por supostamente organizarem planos violentos.
Esta semana, à margem da cúpula do BRICS realizada na Rússia, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou com a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, a quem expressou preocupação com a situação dos presos políticos e solicitou que seja concedido salvo-conduto aos seis solicitantes de refúgio na embaixada argentina.
Na reunião, de acordo com a mídia internacional, Rodríguez defendeu a posição do governo que acusou muitos dos detidos de estarem envolvidos em atividades terroristas contra ele.
Os resultados das eleições na Venezuela provocaram protestos que deixaram pelo menos 27 mortos e mais de 2400 presos.
Fontes
[editar | editar código-fonte]- ((es)) Carolina Alcalde. Crecen tensiones entre Brasil y Venezuela, asesor de Lula dice que la confianza se ha roto — Voz de America, 25 de outubro de 2024
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