Covid-19: laboratório russo que fabrica vacina Sputnik diz que Anvisa mentiu sobre a falta de dados

Fonte: Wikinotícias

28 de abril de 2021

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E a guerra começou! Após meses e meses de imbróglio com a falta de dados e após, anteontem, a Anvisa negar a liberação de importação e uso da vacina Sputnik V no Brasil até que relatórios completos sejam entregues e outros problemas sejam resolvidos, como a presença de um adenovírus capaz de se replicar na composição do produto, os responsáveis pela conta Sputnik V no Twitter - provavelmente o laboratório Gamaleya e o Fundo Russo de Investimentos - ontem resolveram desafiar abertamente a Agência brasileira. "Para salvar vidas no Brasil e seguindo as afirmações incorretas e enganosas de Anvisa, estamos convidando a Anvisa para um debate público perante a comissão competente do Congresso do Brasil", escreveram.

Em outra postagem, a Sputnik V também escreveu: "o ponto positivo de salvar vidas no Brasil é que ainda que a Anvisa tente barrar a Sputnik V por razões políticas ou outras razões, não pode encontrar nenhuma falha".

O Instituto Gamaleya e o Fundo de Investimento Direto da Rússia também divulgaram uma nota oficial onde opinaram que a decisão da Agência “nada tem a ver com o acesso do regulador à informação ou à ciência”, mas a decisão é apenas uma questão política, "consequência direta da pressão do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, que em seu relatório anual de 2020 divulgado meses atrás, publicamente declarou que o adido de saúde dos EUA ‘persuadiu o Brasil a rejeitar a vacina russa'".

Cientistas defendem Anvisa

A microbiologista Natalia Pasternak falou para a Globo News que "é complicado você ter poucos dados e dados insuficientes e ruins para avaliar uma vacina. A Anvisa ficou realmente em uma saia justa porque os dados não são suficientes e não foram fornecidos da maneira correta. Os relatórios que a Anvisa pediu vieram incompletos".

A defesa da Agência também se deu no Twitter após diversas postagens da Sputnik criticando a Anvisa. Na postagem onde os russos acusavam os cientistas brasileiros de fake news, a biomédica, neurocientista, pós-doutorado em bioquímica e colaboradora da UFRGS Notícias Mellanie Fontes-Dutra respondeu: "gente, deixem esse piti todo de lado e mostrem os dados, respondam as perguntas, de forma científica e adequada. Tá bastante constrangedor esses ataques em rede social. Pelo amor de Deus".

Da mesma forma, o médico, advogado sanitarista, professor e pesquisador da USP Daniel Dourado, escreveu: "acho que é um robô, porque não é possível isso". Antes, em sua conta, ele já havia escrito: "alguns aqui não estão entendendo. Tomara que o laboratório apresente os dados de segurança e qualidade da Sputnik V que será enviada ao Brasil para que a vacina seja aprovada o quanto antes. O país precisa do maior número de doses rapidamente". (...) "Mas isso não vai acontecer no grito nem na pressão. O fabricante precisa apresentar as comprovações, como todos os outros fabricantes que tiveram vacinas aprovadas. As regras são as mesmas".

Vacina não está inviabilizada no Brasil

Ontem, durante um debate virtual na Câmara dos Deputados, o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, disse que a negativa para a importação da vacina Sputnik V decidida pela agência nesta segunda-feira (26) não “inviabiliza” o uso do imunizante no país, pois a análise pode ser refeita com novos dados.

No entanto, Mendes também afirmou aos deputados que, durante o processo de avaliação técnica, os representantes do Instituto Gamaleya, da Rússia, afirmaram não ter alguns dos dados solicitados - numa referência à constatação de que a vacina contém adenovírus que se replicariam no organismo, quando isso não seria permitido pelas regras internacionais. Na vacina russa, o adenovírus é usado para levar informações sobre o coronavírus para o organismo humano.

Mendes explicou que, constatada a replicação, os russos deveriam apresentar estudos que mostrassem a segurança do método. “Os russos colocaram nos seus laudos de controle de qualidade apresentados para gente, um percentual aceitável de adenovírus replicante. Isso nos chamou muita atenção e nós questionamos. Não é possível ter esse adenovírus replicante", explicou.

Segundo o gerente-geral, a alternativa é o desenvolvimento de outra vacina. "Os russos nos responderam dizendo que não viam nenhum problema nisso e que não tinham dados para falar sobre a segurança desse adenovírus replicante. E que mais de 60 países já estavam utilizando”, completou.

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