Coreia do Norte realiza 8º teste de armas do ano
27 de fevereiro de 2022
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A Coreia do Norte disparou o que parece ser um míssil balístico no início de domingo, marcando o retorno aos testes de armas após uma pausa de quase um mês que se sobrepôs aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.
Em um alerta aos repórteres, os militares da Coreia do Sul disseram que um único projétil foi lançado às 7h52 da área de Sunan para as águas da costa leste da península. Mais tarde, ecoou a visão dos militares japoneses de que o projétil poderia ser um míssil balístico.
O míssil voou a uma distância de 300 quilômetros, atingindo uma altitude máxima de 600 quilômetros, disse o ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi. Os militares da Coreia do Sul colocaram a altitude um pouco mais alta, em 620 quilômetros.
O aeroporto de Sunan, nos arredores da capital, Pyongyang, é onde a Coreia do Norte lançou um par do que chamou de mísseis guiados táticos em 17 de janeiro. Naquele mês, o país com armas nucleares disparou um recorde de 11 mísseis em sete rodadas de testes.
O último teste da Coreia do Norte, realizado em 30 de janeiro, envolveu um míssil de alcance intermediário Hwasong-12 — o teste de míssil de maior alcance de Pyongyang em mais de quatro anos. O que o teste de domingo pretendia verificar deve ser confirmado na mídia estatal na segunda-feira.
- Reação da Coreia do Sul, Estados Unidos, China
No escritório presidencial de Seul, o Conselho de Segurança Nacional convocou rapidamente uma reunião de emergência, na qual vários funcionários de nível ministerial expressaram sua “profunda preocupação e grande pesar” sobre o teste de mísseis balísticos realizado em um momento em que o mundo está tentando resolver uma guerra na Ucrânia.
O Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos pediu no domingo que Pyongyang “se abstenha de mais atos desestabilizadores”. Condenando o lançamento balístico, disse que está consultando de perto a Coreia do Sul, o Japão e outros parceiros regionais.
A atividade de mísseis balísticos da Coreia do Norte é proibida por uma série de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Liu Xiaoming, representante especial de Pequim para Assuntos da Península Coreana, tweetou que “o governo Biden precisa mostrar que mantém foco estratégico no Indo-Pacífico, inclusive respondendo severamente às provocações de Pyongyang” em uma ligação com Sung Kim, seu colega dos Estados Unidos. Ele disse que todas as partes precisam permanecer “cautelosas em palavras e ações”.
- Coreia do Norte em sua própria linha do tempo
Alguns analistas alertaram que a Coreia do Norte pode retomar em breve os testes de armas maiores, enquanto a atenção do mundo está focada na invasão russa da Ucrânia. A retomada de domingo ocorre exatamente uma semana depois que a cortina caiu sobre os Jogos de Inverno em Pequim. Em 10 dias, os sul-coreanos vão às urnas para eleger seu próximo líder.
“Todos esses assuntos devem ter sido considerados pelo regime e militares norte-coreanos para decidir o momento exato do teste de mísseis mais recente”, disse Bong Youngshik, pesquisador do Instituto de Estudos Norte-coreanos da Universidade Yonsei, à VOA.
“Mas a consideração mais importante para o regime é seu plano de desenvolvimento de capacidade militar de médio prazo [revelado em janeiro de 2021 em seu oitavo congresso do partido]”, disse ele, que inclui cinco tipos de desenvolvimento de armas, como mísseis lançados de submarinos, mísseis hipersônicos e submarinos de propulsão nuclear.
Bong disse que a tecnologia ligada a um míssil balístico lançado por submarino, apelidado de Pukguksong, pode ser o que foi verificado no domingo, já que ainda não foi testado este ano.
Motivar a Coreia do Norte é seu objetivo final para ser reconhecido como um estado com armas nucleares pelos Estados Unidos e pelo mundo, disse Park Won-gon, professor associado de estudos norte-coreanos na Universidade Ewha Womans, em Seul.
Uma celebração planejada em 15 de abril — o 110º aniversário do nascimento do pai fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung — também poderia levar o regime de Kim Jong Un a passos mais provocativos, dada a necessidade de mostrar sucessos para o público doméstico e o mundo exterior.
“Todos nós sabemos que a conquista de Kim Jong Un foi apenas no lado militar; economicamente, eles estão passando por um momento muito difícil. Existe a possibilidade de realizar um desfile militar - ou eles poderiam lançar um foguete de longo alcance. [incluindo] a possibilidade de um teste de ICBM”, disse ele, usando a abreviação de míssil balístico intercontinental.
A última vez que o Norte testou um ICBM foi em novembro de 2017 com o míssil Hwasong-15, com um alcance que possivelmente poderia atingir o território continental dos Estados Unidos.
- O fator Rússia-Ucrânia
Com a invasão da Ucrânia pela Rússia no topo da mente das autoridades dos Estados Unidos, um teste de ICBM pode vir com menos competição geopolítica por atenção, disse Park.
A Coreia do Norte também parece estar lutando para definir sua visão sobre a invasão da Rússia, disse ele, já que há muito se opõe veementemente à noção de uma superpotência usando suas proezas militares para estender seu território invadindo um estado soberano vizinho.
Por enquanto, está culpando as ambições imperialistas dos Estados Unidos, disse Park, como visto em um comunicado de um pesquisador de baixo escalão publicado no site do Ministério das Relações Exteriores do Norte em 26 de fevereiro.
O comentário, assinado por Ri Ji Song da Society for International Politics Study, disse que a intervenção dos Estados Unidos semeou “sementes de discórdia em todas as regiões e países” e que sua arrogância está à vista com a caracterização dos esforços de outros para defender sua segurança nacional como “injustiça e provocação”. Ao mencionar a crise ucraniana, não se referiu nominalmente à Rússia.
Fonte
- ((en)) Eunice Kim. North Korea Fires up 8th Weapons Test of the Year — Voz da América
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