Como a cidade de Nova York alcançou o objetivo da ONU de erradicar o HIV/AIDS

Fonte: Wikinotícias
Laço vermelho
O lanço vermelho é usado internacional para representar o HIV

1 de dezembro de 2020

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O Dr. Demetre Daskalakis em breve deixará sua posição como vice-comissário no Departamento de Saúde da cidade de Nova Iorque e se mudará para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças em Atlanta, na Geórgia, onde supervisionará o escritório de prevenção de HIV/AIDS dos Estados Unidos.

Em Nova Iorque, Daskalakis elaborou um plano que ajudou a cidade a atingir as metas da ONU de 90-90-90, o que significa que 90% das pessoas com HIV foram testadas, 90% das pessoas testadas fizeram tratamento e 90% das pessoas tratadas tem níveis mínimos na corrente sanguínea e não podiam infectar mais ninguém. Atingir esse objetivo acabaria efetivamente com o HIV/AIDS.

Em Nova Iorque, o governador Andrew Cuomo detalhou um plano. Sob a orientação de Daskalakis, este programa reduziu os casos de AIDS da terceira causa de morte prematura em 2000 para a décima em 2017.

Entrevista

Entrevistador: O programa Ending the Epidemic na cidade de Nova Iorque tem o crédito de diminuir as transmissões do HIV a um nível histórico. Como você fez isso?

Demetre Daskalakis: Foi preciso um vilarejo; muitas, muitas pessoas, e as primeiras pessoas que ajudaram a criar o programa foram na verdade a comunidade e os defensores que permitiram que eu e outros soubessem onde havia lacunas. Ryan White era um adolescente quando se tornou um porta-voz nacional do HIV/AIDS, ajudando a educar as pessoas sobre a doença, que ele adquiriu por meio de uma transfusão de sangue. O programa fornece serviços para mais da metade das pessoas que vivem com HIV diagnosticado nos Estados Unidos.

Entrevistador: Você acha que os EUA deveriam ter uma resposta específica ao HIV? Ou, deveriam os EUA expandir todo o sistema de saúde, tornar a assistência médica mais acessível em escolas e bairros de minorias e tornar os testes uma parte dos exames anuais?

Demetre Daskalakis: Minha resposta seria expandir os cuidados de saúde. O acesso aos cuidados de saúde torna-se crítico tanto do ponto de vista de teste, tratamento e prevenção, como uma grande parte da prevenção do HIV.

Entrevistador: Como você chega aos adolescentes, especialmente aos rapazes?

Camisinha masculina
O uso de preservativo previne a transmissão
Demetre Daskalakis: Acho que é realmente trazê-los para o debate de uma forma muito, muito prática, para entenderem melhor o que eles precisam em termos de prestação de cuidados e prevenção do HIV. A história da COVID é outro grande exemplo. É necessária a contribuição da comunidade das pessoas que estão na linha de frente e à beira da epidemia, para poder descobrir como resolver a epidemia.

Muito do que fizemos na cidade de Nova Iorque veio diretamente das comunidades. Por exemplo, o trabalho que fizemos com organizações lideradas por transgêneros, literalmente ouvimos o que as organizações precisavam e criamos algo para atender a essa necessidade. É assim que você causa impacto nos homens mais jovens e em outras pessoas que estão em risco. Existe uma mitologia de que essas populações são difíceis de encontrar. Eu acho que este é um ótimo momento para lembrar às pessoas que nós realmente acessamos essa população todos os dias quando elas procuram serviços de saúde sexual e outros serviços através da saúde pública.

Entrevistador: Então, isso nos leva ao que é chamado de determinantes sociais da saúde. Você tem estigma em homens que fazem sexo com homens, a comunidade trans. Como você vê isso?

Demetre Daskalakis: O estigma mais importante que acontece com o HIV, e provavelmente todas as categorias de doenças, tem a ver com o racismo sistêmico que temos neste país.

Entrevistador: Mas não se trata apenas de raça. Também existe uma certa perspectiva moral. Alguns grupos consideram a homossexualidade imoral e pecaminosa. Como você faz com que as pessoas vejam isso como uma doença e não como uma questão moral?

Demetre Daskalakis: As inovações em que trabalhei na cidade de Nova Iorque, que é a noção de adotar o HIV com status neutro. E com isso, estou realmente projetando serviços para as pessoas que precisam deles, ao invés de criar serviços que tenham como alvo, o que é uma palavra terrível, uma determinada população, ou alguém com um certo status sorológico negativo ou positivo. Então, isso é algo que eu carrego comigo (para o CDC) e será uma das áreas que explorarei profundamente em minha nova posição, que é: Como podemos tornar os EUA mais neutros? Esse será o desafio e essa é uma das razões pelas quais aceitei o cargo (em CDC) no final. E então, é um desafio. É difícil. Vai ser o meu desafio. Vai ser o desafio da nossa nação. Vai ser o nosso desafio para acabar com a epidemia de HIV.

Fontes