Brasil: Barroso diz que não poderia se aposentar antes do julgamento da trama golpista
9 de outubro de 2025
Nessa quinta (9), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), declarou que não poderia deixar a corte antes de finalizar o julgamento do núcleo central do golpe de 2022, que levou à condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, após anunciar a antecipação de sua aposentadoria.
"Eu não podia sair antes de terminar os julgamentos do golpe. Era meu dever estar aqui, estar do lado dos meus colegas. Eu não gostaria de sair no meio de um momento confuso e eu achei que agora o momento está tranquilo", afirmou.
De acordo com ele, que defendeu uma mulher para ocupar sua posição na corte, agora ele "pode sair sem maior abalo, sem maior consequência". Após o término da sessão em que o anúncio oficial foi feito, as declarações foram concedidas a jornalistas no momento da saída do tribunal.
Além disso, Barroso declarou que não tem interesse em ocupar cargos políticos, ao contrário de Ricardo Lewandowski, que ocupou o Ministério da Justiça, embaixadas ou tribunais internacionais.
"Eu quero servir ao Brasil, se eu pudesse escolher, servir ao Brasil como um intelectual público, alguém que olha o país e pensa coisas sem cargos, sem esses deveres", afirmou. E disse que "meus planos nesse momento são acadêmicos. Escrever".
Ministro, indicado pela ex-presidente Dilma Rousseff, ocupou a posição por 12 anos, durante os quais lidou com casos de grande repercussão nacional. Sua presidência na Corte foi marcada pelo julgamento do plano golpista. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, anunciou sua aposentadoria antecipada na Corte nesta quinta-feira (9). Por lei, ele poderia permanecer no cargo até 2033, ano em que completaria 75 anos.
"Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos, mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco mais da vida que me resta, sem as obrigações e exigências públicas do cargo", afirmou ao solicitar a palavra ao final de uma sessão plenária do STF.
A possível aposentadoria de Barroso ficou em aberto desde que ele deixou a presidência do STF, sendo sucedido por Edson Fachin na semana passada. Ele havia sinalizado que planejava se afastar da magistratura antes do prazo previsto.
De acordo com o ministro, a decisão não está ligada ao cenário político. Durante o julgamento dos atos golpistas em Brasília, que já implicou centenas de indivíduos, e da ação penal que fez com que o ex-presidente Jair Bolsonaro fosse acusado de golpe de Estado, o ministro presidiu a Corte. Ele e sua família foram submetidos a limitações de viagem impostas pelos Estados Unidos contra membros do Supremo.
Fontes
[editar | editar código]- ((pt)) Barroso diz que não poderia se aposentar antes do julgamento da trama golpista — Folha de São Paulo, 9 de outubro de 2025
- ((pt)) Luís Roberto Barroso anuncia aposentadoria antecipada do STF — Terra (empresa), 9 de outubro de 2025

