Presidente do Sebrae tenta explicar dívida de Lula

Fonte: Wikinotícias

Brasil • 23 de novembro de 2005

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O presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, compareceu na terça-feira (22) à CPI dos Bingos para explicar um empréstimo que teria pago como favor ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2004, o Partido dos Trabalhadores informou na sua declaração de contas à Justiça que concedeu um empréstimo de R$ 29 436,26 a Luiz Inácio Lula da Silva, antes de ele assumir a Presidência.

O depoimento de Okamoto teve como objetivo explicar a origem e o destino do dinheiro concedido pelo PT a Lula. Caso ele tenha vindo do Fundo Partidário (parcela de dinheiro público concedida aos partidos políticos brasileiros) e tenha sido usado para saldar dívidas pessoais de Lula, houve uma operação ilegal, passível de punição pela Justiça Eleitoral.

O Banco do Brasil enviou uma planilha para a CPI dos Correios que mostra Lula como responsável nominal pelo pagamento da dívida que teria ocorrido em quatro parcelas, sem correção monetária e cobrança de juros, de 2003 a 2004.

A direção nacional do PT nega que o dinheiro foi usado para pagar dívidas pessoais de Lula. Ela alega que há três origens diferentes para a dívida, todas elas referentes a gastos com a atividade política. Seriam elas: gastos com viagens, pagamento de passagens aéreas para a esposa de Lula, e adiantamentos (empréstimos feitos pelo partido para custear viagens). O PT não detalhou ainda a dívida, não disse as datas das viagens, nem os valores correspondentes.

Paulo Okamoto disse à CPI que pagou em dinheiro, junto à tesouraria do Partido dos Trabalhadores, a quantia de R$ 29.436,26 para cobrir despesas, principalmente com viagens e diárias ao exterior, realizadas em 2001 por Lula, na época candidato à Presidência da República.

O senador e líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que a confusão da dívida de Lula é culpa da tesouraria do Partido dos Trabalhadores, administrada de forma incompetente pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares. Mercadante disse que os valores da dívida de Lula foram adiantamentos de viagens.

Explicações de Okamoto não convencem

As explicações feitas pelo presidente do Sebrae Paulo Okamoto não convenceram a maioria dos parlamentares da CPI dos Bingos.

O líder do Partido da Frente Liberal (PFL) Agripino Maia comentou: "O depoimento reproduz a farsa montada por este governo. Ele não teve justificativa para o transporte do dinheiro que pagou a dívida do presidente Lula com o PT. Também não explicou o motivo pelo qual o dinheiro foi pago com a utilização da carteira de identidade do presidente".

Agripino disse que a CPI tem provas de que parte do dinheiro para pagar a dívida de Lula foi depositada por um garoto de serviços de depósitos bancários ("office-boy", no Brasil) que portava a carteira de identidade de Lula. Agripino disse também que o dinheiro foi sacado de contas em Brasília e transportado em malas para São Paulo.

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) disse que mesmo que a explicação (que ele chamou de mirabolante) seja verdadeira ela é "contrária à moralidade pública".

Durante a reunião da CPI, Peres perguntou a Okamoto se a sua indicação para a presidência do Sebrae teria sido feita pelo atual governo, com influência do Presidente da República. Okamoto respondeu que sim.

Jefferson Peres então afirmou: "Veja que coisa ô Doutor Paulo Okamoto. Vamos que o senhor realmente tenha pago um empréstimo para o Presidente da República. O Presidente da República aceita que alguém a quem ele fez esse favor conduzindo à presidência do Sebrae lhe pague um empréstimo e não o reembolsa. Isto é uma troca de favores ou não é?"

E acrescentou:

"A promiscuidade entre público e privado neste caso é impressionante, antológica. E se alguém aqui não acha isto realmente contrário à moralidade público e ética, a classe política deste país apodreceu."

Áudio

(video)
Considerações do senador Jefferson Perez (PDT-AM) (info)
Perguntas do senador Jefferson Peres (PDT-AM) ao presidente do Sebrae (RadioAgência Senado). Data: 22/11/2005 - 16h09.
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Fontes