Partido de Lula é suspeito de envolvimento com o PCC

Fonte: Wikinotícias

Brasil • 29 de agosto de 2006

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O Partido dos Trabalhadores (PT), do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ter alguma ligação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A polícia de São Paulo abriu um inquérito para apurar o caso. Dirigentes do PT rebatem a denúncia.

Durante seu trabalho para desbaratar a organização criminosa, a polícia de São Paulo com autorização da Justiça conseguiu gravar várias conversas entre as lideranças do PCC. Nessas conversas, os criminosos discutem a estratégia dos ataques e falam que todos os agentes penitenciários e políticos devem ser atacados, exceto aqueles do PT. Nos diálogos, a facção diz que o alvo preferencial devem ser políticos do PSDB, partido que governou o Estado de São Paulo até o mês de abril, quando o governador Geraldo Alckmin saiu para poder disputar a eleição presidencial.

Num dos diálogos divulgado pela Folha de S. Paulo, e que teria ocorrido na noite de 12 de maio (época dos primeiros atentados), os preso conhecido como "Magrelo" diz a outro preso conhecido como "Moringa": "Prioridade: azul [agentes penitenciários]. Acima do azul, políticos, qualquer um, menos do PT, entendeu, irmão?" Num outro trecho, "Magrelo" especifica os alvos dos ataques: "Civil, funcionários e diretores do partido PSDB".

As gravações originalmente foram entregues para o Secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, que repassou-as ao Secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho. Este último determinou que fosse aberto um inquérito na Polícia Civil de São Paulo.

Os dois candidatos do PSDB, José Serra (para o governo do Estado) e Geraldo Alckmin (para a Presidência da República) apontaram a coincidência dos ataques do PCC e o período eleitoral. Segundo a imprensa, ambos disseram que os ataques podem ter alguma razão político-eleitoral por trás, porém evitaram fazer alguma vinculação entre o ocorrido com o Partido dos Trabalhadores. O Estado de São Paulo, ao contrário de outros estados, principalmente aqueles da Região Nordeste e Norte, é uma das regiões em que o candidato governista Lula é mais fraco, ao mesmo tempo em que o candidato oposicionista Alckmin é forte na preferência do eleitorado.

A polícia já investiga uma suposta ligação entre integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o PCC. Transcrição de conversas telefônicas sugerem que um protesto de parentes de presidiários ocorrido em abril foi organizado com a ajuda de pelo menos um integrante do MST do Vale do Paraíba. O MST é uma organização que apóia Lula, e muitos dos seus membros e dirigentes são do Partido dos Trabalhadores (PT).

No dia 11 de agosto, a União Nacional dos Estudantes (UNE), organização estudantil que apóia o PT e o Presidente Lula realizou uma passeata em São Paulo contra o governo de Alckmin. O protesto ocorreu na mesma semana em que o PCC voltou a efetuar ataques contra prédios públicos no estado.

O atual governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), minimizou as suspeitas de envolvimento do PT com o PCC, chamou as denúncias de "ingênuas" e classificou as escutas telefônicas feitas pela polícia como "sem relevância".

O Presidente Estadual do Partido dos Trabalhadores Paulo Frateschi disse que as suspeitas são "uma manobra eleitoreira" e tentativa de "vincular o partido à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC)". Numa nota divulgada em 16 de agosto, Frateschi acusou o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho e disse que ele "perdeu a compostura". Frateschi criticou as declarações que Saulo Ramos fez durante o programa de televisão Canal Livre, da TV Bandeirantes, ocasião em que o secretário disse que havia provas sobre o envolvimento do PCC com o PT e que um inquérito policial estava em curso.

A notícia do inquérito instaurado em São Paulo para apurar o suposto envolvimento de integrantes do PT com o PCC foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. O Presidente Estadual do PT Paulo Frateschi criticou o jornal por ter divulgado a matéria e ameaçou processá-lo. Frateschi disse: "O PT não tem qualquer ligação com o PCC. Este caso é um escândalo, como foi o caso Abílio Diniz. Trata-se de uma manobra eleitoreira, com objetivo claro de impor desgaste ao PT. E a Folha não pode compactuar com tão vil propósito".

O Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores, Deputado Ricardo Berzoini (SP) disse tem "a mais absoluta convicção de que se trata de uma armação" e fez uma insinuação de que tudo seria uma "armação" do Secretário de Segurança Pública Saulo Ramos. O PT também ameaçou processar Saulo Ramos.

Fontes