Integrantes do PT, PSOL, PCB, PCdoB e UNE se mobilizam para evitar extradição de representante das FARC do Brasil para a Colômbia

Fonte: Wikinotícias

Brasil • 16 de setembro de 2005

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Integrantes do Partido dos Trabalhadores (partido de Lula), PSOL, PCB, PCdoB e UNE se mobilizam para evitar a extradição para a Colômbia de Francisco Antonio Cadenas Collazzos, conhecido como "Olivério Medina", ou "Padre Medina" ou “el cura Camilo”.

Collazzos é representante internacional das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP). Ele foi preso no Brasil dia 24 de agosto de 2005 de pela Polícia Federal, a pedido do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Mendes atendeu uma solicitação do governo colombiano o qual acusa Collazzos de homicídio e terrorismo.

O vereador da cidade de Guarulhos, estado de São Paulo, Edson Albertao do Partido dos Trabalhadores, declarou que pretende iniciar uma campanha com outros políticos a fim de evitar a extradição para a Colômbia de Collazzos. A revista eletrônica de esquerda Brasil de Fato, informa que fazem parte do movimento contra a extradição do representante das FARC no Brasil: os senadores Eduardo Suplicy (PT) e Heloísa Helena (PSOL), e os deputados Maninha e Ivan Valente (PT).

O Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro (PCB) emitiu uma nota de protesto e repúdio contra a prisão de Collazzos. O partido já mobilizou Antonio Carlos Mazzeo e Mercedes Lima do Comitê Central, além da advogada do partido para tomar providências contra a extradição.

Segundo o jornal do PcdoB, Diário Vermelho, a União dos Estudantes (UNE) protestou contra a prisão de Collazzos. Uma nota publicada no website assinada por representantes da UNE diz: "Por conseqüência dos arbitrários ataques promovidos pelo governo de Uribe contra os Movimentos Sociais organizados em seu país, não estranhamos as acusações duvidosas que pesam sobre este militante que vive há anos no Brasil, casado e com uma filha e que em nosso país jamais foi acusado de qualquer atitude que o desabonasse."

O Secretariado nacional do PcdoB condena a prisão de Francisco Collazzos. Uma nota publicada no website do PcdoB diz: "O Partido Comunista do Brasil condena energicamente a prisão em território brasileiro do ativista político colombiano Francisco Antonio Cadena Colazzos, conhecido também como Olivério Medina, exige a sua imediata libertação e apela ao governo e ao Poder Judiciário a que não autorizem a sua extradição".

As acusações

Francisco Antonio Cadenas Collazzos (“Olivério Medina” ou “el cura Camilo”) foi ordenado padre antes de entrar para as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC-EP). Por causa disso, Collazzos também costuma ser conhecido como “padre”.

Na Colômbia, Collazzos foi porta-voz das FARC durante as fracassadas tentativas de acordos de paz entre a guerrilha e o governo para a zona desmilitarizada no sul do país, durante a gestão do Presidente Andrés Pastrana.

No Brasil, Collazzos atuou como uma espécie de relações públicas, se encontrando com políticos e dando palestras em universidades.

Segundo um estudo feito pelo governo colombiano, as FARC investem cerca de 476 milhões de pesos por ano, em atividades internacionais. Fazem parte da frente internacional das FARC oficialmente sete pessoas: Ovidio Salinas, Luis Alberto Albán, Ricardo Morantes, Jesús Carvajalino, Jairo Alfonso Lesmes, Liliana López e Francisco Antonio Cadenas Collazzos.

A Justiça colombiana alega existir provas de que Collazos participou de um ataque a uma base militar em La Macarena, departamento de Meta, na Colômbia. Um promotor de Villavicencio acusou Collazzos de "homicídio com fins terroristas, seqüestro extorsivo, rebelião e terrorismo".

Em janeiro de 1991 as FARC atacaram uma base militar nos arredores de Girasoles, zona rural de La Macarena. Alguns militares morreram e várias pessoas ficaram feridas. Dezessete pessoas foram seqüestradas.

Segundo os promotores colombianos, o ataque foi dirigido por Francisco Collazzos, que seguia as ordens de Pedro Antonio Marín (conhecido como: "Manuel Marulanda Vélez" ou "Tirofijo") e Jorge Bricieño ("Mono Jojoy"), os dois principais chefes das FARC.

A polícia brasileira alega que o visto de Collazzos para ficar no Brasil não é válido e por causa disso ele está irregularmente no país. A defesa argumenta que Collazzos é casado com uma brasileira e isto daria a ele direito para ficar. Além disso, ela alega que Collazzos não cometeu nenhum crime dentro do território brasileiro.


Polêmica sobre doação

Francisco Antonio Cadenas Collazzos é conhecido no Brasil mais como "Olivério Medina", ou "Padre Medina". Ele foi o pivô de uma polêmica que eclodiu após a publicação de uma matéria, na edição 1896, de 16 de março de 2005, da revista brasileira Veja. A reportagem descreveu uma suposta investigação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que descobriu uma suposta doação de 5 milhões de dólares das FARC para o Partido dos Trabalhadores (PT), para a campanha à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.

O anúncio da suposta doação, segundo a revista, teria ocorrido durante um churrasco realizado em 13 de abril de 2002, em Brasília, e foi feito por Collazzos. A revista alegou que baseou-se em documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e nos testemunhos de um ex-agente e de seu superior, o Coronel Eduardo Adolfo Ferreira.

As declarações da revista foram negadas enfaticamente pelos superiores da Abin, General Jorge Félix e Mauro Marcelo (que renunciou por causa do escândalo do mensalão). A Abin alegou que os documentos que indicavam a suposta doação eram falsos. A Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência do Congresso Nacional foi acionada para investigar.

A Abin confirmou a existência em seus arquivos de um documento de 25 de abril de 2002, que informa que as FARC pretendiam doar US$ 5 milhões para a campanha de Lula. Contudo, segundo a Abin, o documento é anônimo e não merece crédito.

No dia 17 de março de 2005, o Presidente da Comissão, senador Cristovam Buarque do Partido dos Trabalhadores, deu por encerradas as investigações sobre a denúncia da susposta doação.



Ver também

Fontes