Chávez ameaça romper relações com EUA por causa de Posada Carriles
24 de maio de 2005
Em seu habitual programa televisivo Alô, Presidente, que passa aos domingos pela estação estatal Venezuelana de Televisão, o Presidente Hugo Chávez da Venezuela declarou que está considerando seriamente romper relações diplomáticas com os Estados Unidos da América se esse país não extraditar o anticastrista cubano Luis Posada Carriles. "Não vamos apressar as coisas, mas se os Estados Unidos não extraditarem Luis Posada Carriles nós seremos obrigados a reconsiderar nossas relações diplomáticas (...) com um governo que descaradamente oculta e proteje o terrorismo internacional é difícil ter relações diplomáticas", disse Chávez, e acrescentou que dará um prazo de 60 dias para que o governo de Washington tome uma decisão a respeito de Posada Carriles.
O anticastrista foi detido na semana passada, acusado de imigrar de forma ilegal para os Estados Unidos pelo México e deverá comparecer ante um tribunal este 13 de junho, ocasião que aproveitará para solicitar asilo político. Mas Cuba e Venezuela o acusam de ter planejado o atentado com bomba a um avião de Cubana de Aviação em 1976, que cobria a rota Caracas-Havana e que cobrou a vida de seus 73 ocupantes. Os dois países solicitaram de imediato sua extradição mal se conheceu sua detenção.
Posada Carriles, nacionalizado venezuelano e ex-agente da CIA, foi indultado pela presidenta panamenha Mireya Moscoso, depois de uma suposta conspiração contra Fidel Castro durante uma conferência nesse país em 2000, e foi absolvido duas vezes pelas autoridades venezuelanas: uma, por sua participação no atentado e a segunda por ter escapado de um cárcere venezuelano em 1985 durante uma apelação.
Chávez assegurou que tomará medidas como o fechamento de embaixadas se Estados Unidos não extradita a Posada Carriis. "Terá que avaliar se vale a pena ter uma embaixada aberta lá e eles cá".
Programa nuclear venezuelano?
No mesmo programa Chávez expressou seu interesse em desenvolver fontes alternativas de energia, como a nuclear e a solar, para a qual solicitaria a ajuda de países como o Irão. "Estamos interessados e há que começar a trabalhar o tema nuclear (...) Podemos perfeitamente também junto ao Brasil, com a Argentina, com os países da América Latina adiantar investigações na área nuclear e pedir apoio de países como o Irão".
O programa teria fins pacíficos, ante uma possibilidade de escassez energética no futuro. Chávez afirmou que "não é para fazer bombas para se lançar contra uma cidade e acabar com um milhão de pessoas como fizeram os norte-americanos. Não! É para o desenvolvimento, para a vida, para a paz".
O programa foi realizado durante uma reunião com empresários iranianos, ante quem Chávez reiterou o respaldo dado ao governo do presidente Sayed Mohammad Khatami durante uma visita oficial em março a Caracas: "Estou seguro que o Governo iraniano não está fazendo nenhuma bomba atômica, só que estão adiantando investigações na área nuclear para o avanço científico-técnológico".
Os Estados Unidos da América acusam o governo de Teerão de desenvolver armas nucleares.
Fontes
- ((es)) Chávez amenaza romper con EE
.UU . — BBC, 23 de maio de 2005 - ((es)) Venezuela romperá relaciones diplomáticas con Estados Unidos si no extradita a Luis Posada Carriles — El Tiempo (Colombia), 23 de maio de 2005
- ((es)) Venezuela expresa interés en desarrollar energía nuclear y solar — Caracol Televisión, 23 de maio de 2005