Brasil insiste na venda de aviões à Venezuela
27 de janeiro de 2006
O Brasil continuará com os esforços por via diplomática para realizar a venda de aviões para a Venezuela, disse nesta sexta-feira (27) Marco Aurélio Garcia, assessor de política externa do Brasil, numa entrevista à televisão estatal venezuelana. A venda dos aviões foi bloqueada pelos Estados Unidos no passado mês de dezembro, que vêem o negócio como uma prática inaceitável ao comércio internacional.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez acusou recentemente o governo norte-americano de bloquear a venda dos aviões ligeiros de ataque ao solo, ALX/Super Tucano, fabricados pela empresa brasileira EMBRAER com tecnologia de ponta norte-americana nos componentes electrónicos.
«Nisto é preciso ter cuidado, esgotar as etapas antes de passar a outras. Não é uma situação isolada, porque há um problema semelhante que está ocorrendo com a Espanha», disse Marco Aurélio.
No passado dia 13 de janeiro a empresa espanhola CASA/EADS tinha anunciado desenvolver uma nova versão do C-295 e C-235 — no qual a Venezuela tinha encomendado respectivamente dez C-295 e outros dois C-235 de patrulha marítima, esta nova versão deveria possuir componentes não de origem norte-americana, devido à proibição dos Estados Unidos face à venda de armamento com tecnologia norte-americana à Venezuela. Ontem (26) a empresa anunciou cancelar definitivamente o fornecimento do C-295 à Venezuela, devido aos custos de uma nova versão serem demasiado altos. Além de componentes electrónicos, a necessidade da substituição dos motores actuais do avião, implicariam não só a obrigação de certificar um novo motor para o C-295 e C-235, como também implicaria a necessidade da certificação segundo normas rígidas internacionais, de forma a que os dois aviões tenham todas as licenças de voo necessárias. O simples pagamento de uma multa às autoridades venezuelanas, por parte da CASA/EADS, pela quebra de contrato deverá sair muito mais barata.
As relações entre Caracas e Washington se deterioraram bastante desde a chegada de Hugo Chávez à presidência da Venezuela. Chávez tem sido um forte crítico contra o governo do actual presidente norte-americano, George W. Bush, que se tem mostrado preocupado com a possibilidade de que as compras de material bélico feitas pela Venezuela possam destabilizar a América do Sul.
Face aos bloqueios e à forte oposição por parte dos Estados Unidos, a Venezuela tem-se virado para a compra de aviões caça russos como o MiG-29 SMT, para substituir os seus actuais F-16 que não encontram-se operacionais devido à falta de peças novas para a manutenção; e para a compra de helicópteros, também de fabrico russo, Mi-17 e Mi-26. Chávez já disse que se caso o negócio para a compra de aviões com a EMBRAER não vá para a frente, a Venezuela comprará os aviões a outros países, como a Índia, China ou Rússia.
Artigos relacionados
- Venezuela com problemas na compra e manutenção de caças
- Venezuela compra mais armas, agora da Espanha
Fontes
- Reuters. Brasil insiste em esforços para venda de aviões à Venezuela [inativa] — Área militar, 27 de janeiro de 2006. Página visitada em 27 de janeiro de 2006
. Arquivada em 7 de fevereiro de 2006 - EADS deverá cancelar o fornecimento do C-295 à Venezuela [inativa] — Área militar, 26 de janeiro de 2006. Página visitada em 27 de janeiro de 2006
. Arquivada em 7 de fevereiro de 2006 - Agência Lusa. Brasil: Veto dos EUA à venda de aviões para Venezuela é "absurdo" - ministro — Agência Lusa, 23 de janeiro de 2006
- Agência Lusa. Governo espanhol anuncia que Venezuela receberá aviões com outra tecnologia — RTP, 13 de janeiro de 2006
Esta página está arquivada e não é mais editável. |